tag:blogger.com,1999:blog-23048913093182562532024-03-13T15:08:54.100-03:00IDUnknownnoreply@blogger.comBlogger31125tag:blogger.com,1999:blog-2304891309318256253.post-47393908936182268322015-01-08T19:15:00.000-02:002015-02-04T19:11:05.811-02:0072Minha avó tem 72 anos e hoje fomos levá-la ao médico.<br /><br />Feita a consulta, corremos almoçar num restaurante próximo. Enquanto comíamos, reparei que ela olhava com certa curiosidade para uma moça que havia acabado de entrar com uma daquelas cestinhas de bebê que se leva com as mãos. Como estava de costas, não dava pra ver o que tinha dentro. Vovó estava curiosa e não se furta já há alguns anos em falar na altura necessária para que seu aparelho de ouvido capte bem o som.<br /><br />- Olha, ela está levando um cachorrinho, que bonitinho.<br /><br />- Vó, não é um cachorrinho, deve ser um bebê.<br /><br />Silêncio. Continuamos almoçando e alguns minutos depois a moça resolve ir embora. Passa por nós, mas com o pequeno berço do lado contrário ao da nossa mesa.<br /><br />- Ei, moça, vem cá, deixa eu ver! Ouuun, que bonitinho, olha lá que lindo, menino... é um bebê. Muito lindo, moça. Tchau, gente, vão com Deus, viu!?<br /><br />Com 72 anos a gente pode tudo.<br /><br /><br />Publicado originalmente <a href="https://www.facebook.com/humbertodeveza/posts/10200226297177899">aqui</a>. <div class="blogger-post-footer"><!-- Começo do código Contador de Visitas Para Blogs -->
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Os outros três usavam chinelos de dedo.<br /><br />Conversavam de tal forma que fui obrigado a pausar a música e, sorrateiramente ainda com o fone de ouvido, prestar atenção nas histórias.<br /><br />Um deles não escondia a animação em poder rever a companheira (mulher, esposa, namorada ou amante). Comprou um cartão com 40 unidades e se esforçava para conseguir contatar a mulher, a fim de avisar que estava a caminho.<br /><br />"Essa merda só dá indisponível", bateu o telefone público no gancho e chamou a atenção de todos ao redor, minha inclusive.<br /><br />Quando conseguiu finalmente completar a ligação, não trocou duas palavras. "Amor, amor? Vou chegar 7h30 amor. Amor? Mas que merda".<br /><br />Na tentativa seguinte foi mais feliz. Muito feliz. Sabe-se lá porque (por ansiedade, muito provavelmente) começaram a se atualizar das notícias ali mesmo e a decidir onde passariam o Natal. "Amor, você decide. Eu tô indo aí só pra te ver. Vou pra onde você quiser", sempre falando mais alto que o necessário, a não ser que fosse o necessário para que eu ouvisse. Nesse caso falava no tom ideal.<br /><br />Gastou o primeiro cartão. Comprou outro. E outro. "Amor, eu já gastei três cartões com você, mas eu não consigo ficar sem ouvir a sua voz. Eu preciso te ouvir, amor". Cada cartão de 40 unidades custa R$ 7. Ele tinha, conforme disse na primeira ligação pra mulher, os R$ 200 enviados por ela, mas R$ 40 já tinham ido na van do presídio até à capital paulista. E agora R$ 21 nos cartões. Também ostentava um latão de Skol pra lá e pra cá, repartido com os outros três amigos.<br /><br />Estavam em festa a bem da verdade.<br /><br />As horas que antecederam a partida do ônibus deles devem ter sido as mais demoradas do ano. "Ah, já faltam 40 minutos? Não acredito. Daqui dez a gente desce pra embarcar, mano".<br /><br />Nesses 10 um senhor baixinho, de bigode, com uma sacolinha da C&A e visivelmente desesperado entrou em cena. Ele não conseguia concluir uma ligação no telefone público e os quatros beneficiários do indulto, sentados ao lado, indicaram um pra ajudar o homem. "Vai lá ow, ajuda o tio, mano".<br /><br />O tio, descobrimos todos depois, também estava de "saidinha", que é o termo usado por eles pro indulto. O tio, descobrimos também depois, estava numa situação de fato desesperadora.<br /><br />Liberado do presídio de Avaré mais cedo, quando chegou em São Paulo e foi ate à casa da sua filha, descobriu que ela tinha se mudado. Sem o novo endereço nem algum contato de telefone, ele tentava avisar em Avaré da situação e que não conseguiria voltar hoje. Nem amanhã, nem no Natal. "A moça disse que só tem passagem pra lá dia 25 de janeiro". Respirava ofegante e estava sem saída. "Táxi até lá vai dar mil reais, eu não tenho. Não tenho quem me leve também. Vou ficar aqui na rodoviária até dia 05?" Dia 05 é quando eles precisam se reapresentar.<br /><br />Um dos quatro primeiros detentos dissecava mais a história. "Mas o mano não avisou sua filha que tava vindo?". Ele disse que essa foi a primeira vez, em 13 anos, que havia sido beneficiado com o indulto e que a filha nunca tinha ido até Avaré fazer uma visita. "Queria chegar de surpresa mas ela se mudou".<br /><br />O relógio marcava finalmente 1h. Os quatro deixaram o tio e desceram rumo à plataforma finalizando o latão de Skol e falando alto, num tom do nível da visivel felicidade deles.<br /><br />Fiquei mais seis minutos, reparando na feição do tio. Era um desespero triste, uma tristeza desesperada. Quando eu pensava em alguma forma de ajudar, uma mulher que também deve ter ouvido tudo foi até ele e sugeriu que procurasse uma delegacia. Pode não ter sido a melhor ideia, mas não pude pensar em outras coisas.<br /><br />Desci à plataforma. Os quatro e outros vários beneficiários do indulto se indignavam com o fato de àquela hora, 1h10, estar saindo o ônibus da 00h40. O deles era o da 1h30, assim como o meu.<br /><br />Na linha seguinte, da 1h que acabou saindo às 2h, restaram alguns lugares e resolvi embarcar depois de nove horas na rodoviária.<br /><br />Os quatro também tentaram, com o dono dos cartões telefônicos gastos com o "amor" como porta-voz.<br /><br />- Ô motorista, não tem como a gente ir nesse dai também?<br /><br />- Vocês estão em quantos?<br /><br />- Quatro.<br /><br />- Agora já embarcaram dois, cabem mais dois só. Querem dividir?<br /><br />- Não, tudo bem, a gente espera o nosso.<br /><br />- Ok.<br /><br />- Feliz Natal, motorista.<br /><br /><br />Publicado originalmente <a href="https://www.facebook.com/humbertodeveza/posts/10200147842056570">aqui</a>. <div class="blogger-post-footer"><!-- Começo do código Contador de Visitas Para Blogs -->
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<br />
Esperava algo relacionado ao jornalismo ou uma daquelas perguntas típicas de RH. Que bicho você seria? Um leão. Por quê? Porque ele é o rei da selva e eu tenho espírito empreendedor. Ok, obrigado. Próximo.<br />
<br />
Mas não. Fui surpreendido.<br />
<br />
Como você espera estar em 2015?<br />
<br />
Quebrou minhas pernas, lógico. Não que eu não tivesse uma resposta espontânea na ponta da língua, mas qualquer coisa que saísse (e saiu) seria clichê e estúpida. Espero estar vivo. Trabalhando. Estável financeiramente. Ser reconhecido pelo meu trabalho. Espero não estar em dinâmicas de grupo respondendo a questões existenciais sobre pretensões para o futuro.<br />
<br />
Me parecia tão distante (e é) imaginar como estaria eu e o mundo dali 4, 5 ou 6 anos. Pior, o ano de 2015, só ele, me soava como futurístico. Não só quando a moça repetiu uma vez mais a única questão do dia. Desde muito tempo o número me conecta ao futuro.<br />
<br />
Em 2015 carros voarão, refeições virão em cápsulas e seremos capazes de ler obras literárias inteiras em segundos.<br />
<br />
Em 2015 respiraremos com máscaras de oxigênio, nuvens de poeira tomarão os horizontes das metrópoles e haverá falta d’água. Haverá...<br />
<br />
2015 ainda poderia muito bem ter sido, bem antes de 2015, claro, título de longa de ficção científica do Kubrick ou de filme-catástrofe (nesse, com direito a tragédia no roteiro e nas bilheterias, muito provavelmente).<br />
<br />
Não bastasse essa profusão de hipóteses, agora, devido a um tal de calendário gregoriano, me peguei imaginando tudo isso que alguma vez passou pela minha cabeça ser 2015 bater assim, sorrateiramente, como quem não quer nada, à minha porta. Prometendo sem acontecer. Acontecendo sem prometer.<br />
<br />
Sim, me parecia futurístico mas é semana que vem<br />
<br />
E agora, o que fazer? O que pensar? Ou, como indagaria a robótica moça graduada em recursos humanos: o que esperar em 2015?<br />
<br />
Era tão futurístico que desacreditei nele chegando ou em mim chegando nele.<br />
<br />
A única programação que [não] fiz diz respeito à pilha de livros que me aguardou à míngua durante todo o ano: eu tinha a esperança de que em 2015 a devoraria em dois quartos de hora, por isso só fazia me poupar. É, quem sabe em alguns dias não legitimam o soar futurístico do ano e nos brindam com um Google Glass 2.0 de leitura ultrarrápida.<br />
<br />
Fora isso, as demais ilusões de futuro ao que tudo indica ficarão, bem... Pro futuro. 2038 talvez.<br />
<br />
Porque 2015 é agora.<br />
<br />
<br />
Publicado originalmente <a href="https://www.facebook.com/humbertodeveza/posts/10200142524083624">aqui</a>.<br />
<div class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #141823; display: inline; line-height: 17.5636348724365px;">
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</span></div>
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<br />
Quando me dei conta, na estação seguinte a que eu embarquei, de que estava indo em sentido contrário fiquei, obviamente, com raiva. "Vou perder tempo, ter que voltar, puta que pariu", pensei. Devo ter expressado várias caras de frustração no trem.<br />
<br />
Não bastasse isso, não consegui descer na estação seguinte. Muita gente entrando, uma moça com a perna engessada impedindo transversalmente o fluxo... A porta fechou. E eu fiquei para dentro. De novo. Do trem. No sentido contrário ao da minha casa. Às dez da noite. "Lerdo". As expressões faciais de raiva devem ter ficado fora do controle.<br />
<br />
Aí, de repente, levantei a cabeça e uma senhora de óculos, com uma camiseta de candidato a deputado, uma bolsa grande (caberia por certo minha cara de tacho) e uma experiência de vida algumas dezenas de vezes maior que a minha sorria de canto de boca. Não pra mim. De mim. Das minhas reações.<br />
<br />
Desarmado, não tive o que fazer: sorri de volta. E ri de mim.<div class="blogger-post-footer"><!-- Começo do código Contador de Visitas Para Blogs -->
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Acordei domingo<br />
Faltou justiça<br />
À ordem de transposição dos dias<br />
<br />
Às onze de ontem<br />
Um aceno à felicidade<br />
Às quatro de hoje<br />
Não há luz que acenda essa cidade<br />
<br />
O elo que por hoje liga a nuvem ao chão<br />
E transforma o céu em imensa escuridão<br />
Ajuda a entender porque a vida dominga<br />
Pras bandas de cá molenga, capenga, sem ginga<br />
<br />
Minguou o dia<br />
Nascido desde sempre tocaiado<br />
À espera de que algo o denomine<br />
Que revolucione o pacato caminho do gado<br />
<br />
Se sábado fosse<br />
Que dia teria a sexta<br />
Pior, que dia carregaria a pecha<br />
De apenas anteceder<br />
<br />
Seu mal é o amanhã<br />
Que pra uns inspira, incentiva, angustia<br />
Outros, então, entedia<br />
Promessa, talvez, vazia<br />
<br />
<br /><div class="blogger-post-footer"><!-- Começo do código Contador de Visitas Para Blogs -->
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Resultado de uma paixão que teima em ficar<br />
Quando o adorado já não fica mais<br />
<br />
Saudade é apego: a um passado que não passa<br />
A um presente descontente<br />
E um futuro inexistente<br />
<br />
Saudosos forjam sentimentos: eles não existem mais<br />
De ambos os lados, não<br />
<br />
Quem tem saudade tem porque perdeu<br />
Sofre para além dele<br />
Mas a dor, essa é nele<br />
<br />
Saudade não se deseja, se tem, se sofre, se supera<br />
Não, saudade não se supera<br />
Se diminui, exaspera, transfere<br />
<br />
Saudade é, por fim, lembrança<br />
Do cheiro<br />
Do fungado<br />
Da boca<br />
Da pele<br />
Do pensamento<br />
Da vida sua, nossa<div class="blogger-post-footer"><!-- Começo do código Contador de Visitas Para Blogs -->
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Durante muito tempo os espaços aonde a arte se faz presente
foram de certa forma delimitados e consagrados por aqueles que se interessam
pelo assunto. Em sua maioria os museus, instituições privadas e sem fins
lucrativos, acabaram se tornando o ponto de encontro natural de exposições, efêmeras
ou mais duradouras, das mais variadas expressões artísticas. Esse cenário,
porém, vem sofrendo certa mutação graças ao avanço da arte de rua, exposta em
espaços públicos e, mais recentemente, à invasão criativa feita por variados
artistas em locais privados, com destaque para o antigo Hospital Matarazzo, em
São Paulo e para a Fábrica Bhering, no Rio de Janeiro. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Não se trata de tomadas itinerantes que perpassam vários
lugares, dentre os citados acima. São exibições pensadas para esses lugares,
cujas limitações físicas e arquitetônicas precisam se encaixar no projeto
artístico do local. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Foi assim com o prédio de 1904, na altura do número 190 da
Rua Rio Claro, próximo à Avenida Paulista, em São Paulo. Após 20 anos de
silêncio, o antigo Hospital Umberto Primo – hoje Cidade Matarazzo – abriu suas
portas para a efervescência artística de mais de 100 autores brasileiros e
estrangeiros, que se dispuseram voluntariamente ao projeto. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
“Há sete anos procuro um lugar como este. Queria um lugar
onde todos na cidade pudessem se expressar. Isto que está aqui é um movimento,
um processo dinâmico, porque tudo o que você vê aqui vai desaparecer”, detalha
Alexandre Allard, idealizador da exposição.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-EZrO9setAPw/VDLibtsphOI/AAAAAAAAARg/XBD7lF2DPWE/s1600/cidadematarazzo30.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-EZrO9setAPw/VDLibtsphOI/AAAAAAAAARg/XBD7lF2DPWE/s1600/cidadematarazzo30.jpg" height="210" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
O objetivo integrador do Cidade Matarazzo é fomentado também
pelo curador, Marc Pottier. “Temos muitas obras que são como um diálogo com o
espaço”, afirma. A tal comunicação se dá de maneira muito óbvia em certos
momentos (como nos raios-x de duas colunas cervicais, fazendo clara alusão aos
tempos remotos de consultório clínico do Matarazzo) e não tão clara em outros
(a frase “Havia mais futuro no passado”, cravada em uma das paredes sujas do
local é um convite à reflexão).<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Se o Cidade Matarazzo contempla momentaneamente a arte de
uma centena de criadores, a Fábrica Bhering, no Rio de Janeiro, é um espaço coletivo
transformado definitivamente em point artístico. Há décadas atrás toneladas de
chocolate e balas eram produzidas no local. Hoje, o inusitado novo uso que se
dá aos cômodos dos seus 16 mil m² parece ter atingido seu ápice criativo e de
interação: desde agosto os visitantes podem conferir os 80 ateliês do local
todo primeiro sábado do mês, com direito a um café bastante aconchegante. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A Bhering já era conhecida entre os amantes desses espaços
por fazer, esporadicamente, eventos abertos ao público. Esses momentos traziam
os moradores de morros próximos ao Santo Cristo, local da antiga Fábrica, ao
encontro da pintura, da arte plástica, cenografia, moda etc. As comunidades do
Pinto e da Providência já são frequentadoras do local, contrariando certa lógica
elitista da arte museológica, que por vezes não está acessível financeiramente
ao morador do morro – ou não o deixa à vontade para frequentá-la.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A mostra do Cidade Matarazzo, que termina no próximo dia 12
de outubro, não parece ser o ponto final da revitalização. A intenção dos
colaboradores é transformar o local num ponto definitivo e alternativo de
confluência artística da cidade, assim como caminha para ser a Fábrica Bhering
no Rio.<br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
</div>
<div class="MsoNormal">
Ver a arte sendo reconduzida para tais espaços pouco
convencionais de exposição gera a expectativa de vê-la atingindo cada vez mais
quem não está habituado com tais criações – muitas vezes, por motivos que fogem
ao simples desinteresse. A popularização da arte, pauta tão cobrada pelos
movimentos sociais, pode estar justamente nessa invasão criativa de locais
abandonados e que naturalmente são propícios para a montagem, exibição e
consagração das mais variadas obras artísticas. <o:p></o:p><br />
<br />
<b>MADE BY... FEITO POR BRASILEIROS</b><br />
<b>Onde?</b> Cidade Matarazzo - al. Rio Claro, 190, Bela Vista, região central<br />
<b>Quando? </b>De 9/9 a 12/10, terça a domingo, das 10h às 17h<br />
<b>Quanto?</b> Gratuito<br />
<br />
<b>GALERIA BHERING</b><br />
<b>Onde? </b>Endereço: Rua Orestes, 28 - Santo Cristo - Telefone: (21) 2223-2477<br />
<b>Quando?</b> Todo primeiro sábado do mês.<br />
<b>Quanto?</b> Gratuito<br />
<br /></div>
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A não ser que<br />
Falemos da empatia<br />
Coirmã<br />
<br />
Não há mais o que se falar da empatia<br />
A não ser que<br />
Falemos da saudade<br />
Viúva<br />
<br />
Não há mais o que se falar da saudade<br />
A não ser que<br />
Falemos da lembrança<br />
Madrasta<br />
<br />
Não há mais o que se falar da lembrança<br />
A não ser que<br />
Falemos da carência<br />
Tia-avó<br />
<br />
Dela, então<br />
Põe tudo abaixo<br />
Confunde, manipula, embaralha, desorienta<br />
Engana as ideias<br />
Por querer<br />
Para se ver preenchida<br />
Justificada<br />
Concreta<br />
Triunfante<br />
<br />
Não há mais o que se falar da carência<br />
<br /><div class="blogger-post-footer"><!-- Começo do código Contador de Visitas Para Blogs -->
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Que não aquele que se ouve<br />
Quando os dedos brigam de galo<br />
T R Á: dois dedos se batem, e vai um pra cada lado<br />
<br />
Quanto tempo dura um estalo<br />
Quando se tocam<br />
E vai dedo pra cá dedo pra lá<br />
Leva menos tempo que o tempo que se leva pra escrever tempo<br />
<br />
O que fica depois de um estalo<br />
Logo depois é o seguinte<br />
Um dedo sobe<br />
E o outro dedo: pá, desce<br />
<br />
Quem é o responsável pelo estalo<br />
Os dedos, a mão, o homem<br />
O ar, que propaga<br />
Isso mesmo, ninguém<br />
<br />
Para quê um estalo<br />
É rápido, torna atento, parece conveniente<br />
Não é, vem do nada, destrói a barreira do silêncio<br />
Mas ah, é eficiente<br />
<br />
E porque é que um estalo machuca<br />
Engano, o pobre não faz doer<br />
É, rateia a culpa<br />
Entre os dedos, a mão, o homem e o ar<br />
<br />
Combinemos: não gosto<br />
É tanto o que se perde num estalo<br />
Gente, amores<br />
Que eu penso: e se a gente fizer um abaixo-assinado contra o estalo?<br />
<br /><div class="blogger-post-footer"><!-- Começo do código Contador de Visitas Para Blogs -->
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Uma fotografia viva da realidade. Um homem sem corpo, cuja
idade já transpassou a marca dos quarenta, com o rosto indiferente ao seu
exterior: olhos fechados, boca cerrada e sobrancelhas e barba por fazer. Ao seu
redor, uma multidão se aglomera no limite da faixa de segurança para, em sua
maioria, apenas fotografar Ron Mueck, expresso nessa escultura, que toma o
posto de mais impactante: “Mask II”.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Em exposição no Museu de Arte Moderna (MAM) até 1º de junho,
no Rio de Janeiro, essa e outras obras hiper-realistas em tamanho gigante do
artista australiano estão quebrando todas as expectativas. Até ontem (22), mais
de 210 mil pessoas já haviam passado pelas nove esculturas nos pátios do MAM. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A grandiosidade e o realismo exacerbado visto em Ron Mueck
ajudam a explicar o sucesso da exposição, consagrada também em outros países,
como Austrália, Nova Zelândia e, recentemente, na Argentina. É possível sem nenhum
esforço se ver na obra, como na figura de um casal de idosos, na praia, debaixo
de um guarda-chuva – “Couple under an umbrella”.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Um dos curadores quando as esculturas estiveram na Nova
Zelândia, Justin Paton explica o sentido metafórico da posição que o casal
monta juntos. “Representa o desapego no sentido mais positivo do verbo ‘sustentar’:
manter alguém com força, mantê-lo por toda a
vida, manter um momento de vida frente ao fluxo do tempo”, conta.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-_-nKeERUWtQ/VDLMd3VdhqI/AAAAAAAAARQ/ACY1B8xqI80/s1600/Ron%2BMueck.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-_-nKeERUWtQ/VDLMd3VdhqI/AAAAAAAAARQ/ACY1B8xqI80/s1600/Ron%2BMueck.JPG" height="210" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
De fato a mulher com as mãos segurando o chão, atrás de suas
costas, sentada de tal modo para que o homem apenas recoste sua cabeça sobre
suas pernas é a representação dessa sustentação de que Paton trata. Já seria
naturalmente encantador não fosse ainda o olhar que a sustentadora dá ao
sustentado, sem obter deste reciprocidade. Ou o movimento de seus cabelos,
captado como num obturador fotográfico, as veias saltantes e os dedos da mão
inchados, os quais justificam ainda mais a ideia de fotografia máxima da
realidade.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Como se estivéssemos depostos, sem autonomia alguma sobre
nossa percepção, frente à obra que maximiza nós mesmos, pensamos a obra de Ron
Mueck como um reflexo. Ou apenas fotografamos. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Surpreendem os flashs ininterruptos das câmeras digitais e
dos smartphones. Chegam a incomodar se o visitante quer dedicar o tempo que seu
bom senso permite ficar frente à obra apenas a contemplando. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Nesse sentido, a contemplação não está diametralmente ligada
ao gigantismo dos corpos de Ron Mueck. Se as duas esculturas antes descritas
impressionam também pelo tamanho agigantado, a contraposição de outras menores
até que nosso tamanho real se mostra bastante eficiente. É como se alternássemos
de uma visão maximizada de nós mesmos para outra pormenorizada, ambas com
riqueza de detalhes. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A escala das obras, para alguns, porém, é o que menos
importa. A melancolia em retratar rostos e corpos indiferentes aos visitantes,
perenes em sua plenitude e serenos na catástrofe de suas existências é o que
importaria do ponto de vista artístico.</div>
<br />
<div class="MsoNormal">
De toda forma, é impossível se despir dos pudores da mente
quando se está de frente de si mesmo, menor ou maior fisicamente, mas com semelhante
apatia, injustificada, de sentimentos. As fotografias de Ron Mueck dialogam
porque não com o pai da psicanálise, que justificava a melancolia em sua
ausência de justificativas, seu luto sem perda. <o:p></o:p><br />
<br />
<b>RON MUECK</b><br />
<b>Quando?</b> De terça a sexta, das 12h às 18h; sábado e domingo, das 11h às 19h; até 1º/6<br />
<b>Onde? </b>Museu de Arte Moderna do Rio, av. Infante Dom Henrique, 85, Rio, tel. (21) 3883-5600<br />
<b>Quanto? </b>R$ 14</div>
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Olha; não pisca<br />
Duas rodas próximas<br />
O medo mais ainda<br />
<br />
Dos pixels à rotina<br />
Descamisada<br />
Quando cheguei nada entendi<br />
Agora vou à padaria, escolho, pago, trago aqui<br />
<br />
Trago o cigarro-relógio<br />
Explico:<br />
Quando ele acaba, acaba eu<br />
E no lugar do visor, breu<br />
<br />
Meu mosteiro foi efêmero<br />
Entrei, entendi, rezei nele todo por um tempo mas saí<br />
O purgatório, duradouro, ah, me tira sarro<br />
Acaba hoje, amanhã, junho, julho, junto com o cigarro<br />
<br />
Findam contentes ele e eu e o resto num desaprumo<br />
Não consegue ver o fim do fumo<br />
O resto fica, sofre, agita<br />
Até que Ela, preterida, visita<br />
<br />
<br /><div class="blogger-post-footer"><!-- Começo do código Contador de Visitas Para Blogs -->
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Teve esperados nove meses<br />
A mim<br />
Teve esperados 28 anos<br />
<br />
Eu?<br />
Dei sorte, não a esperei<br />
Revelou-se desde o zero<br />
Com uma manta, um óculos de grau experiente, daquele magrelo<br />
<br />
A cada aniversário, um bolo<br />
Diferentes bolos<br />
Guaranás iguais, com vestes de papel cuja pretensão de enfeitar era<br />
Uma pretensão<br />
<br />
Aos domingos, me levava ao toboágua<br />
Na infância<br />
Porque hoje, hoje tem outras coisas<br />
Não hoje de hoje, hoje desde mais de década<br />
<br />
Que eu não vou ao toboágua<br />
Eu vou na casa dela<br />
Cear a comida dela<br />
Cessar a saudade dela<br />
<br />
Já quase me matou várias vezes<br />
De medo<br />
Por ameaçar viajar<br />
Tão, tão cedo<br />
<br />
Aí eu sofro duma ausência ainda inexistente<br />
Adianto autoflagelo<br />
Porque quando o tempo chegar, certamente<br />
Haverei de querer lembrar momentos; um, singelo:<br />
<br />
Baile de formatura<br />
Me viro, percebo uma dupla de janelas marejada<br />
O que foi, Vó? Ouso<br />
Nada, filho; a Vó tá só emocionada.<br />
<br />
<br />
<br /><div class="blogger-post-footer"><!-- Começo do código Contador de Visitas Para Blogs -->
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E a descrença de quem crê é ilusão<br />
Não se iluda, então<br />
Crer no copo cheio de antemão<br />
<br />
As pessoas às pessoas, tudo<br />
Se faz o bem, faz-se o bem<br />
Se faz o mal, faz-se o mal?<br />
De onde vem o mal?<br />
<br />
Nasce-se bom<br />
E a crença na bondade é ilusão<br />
Não me iludo, então<br />
Bom que se crê, maldição<br />
<br />
Ao homem corrompido, meu pesar<br />
Apesar que há de se escolher<br />
Entre o bom, o mau, creio eu<br />
Creio tu, creio ele, creio vós; creio em nós<br />
<br />
Creio mais não<br />
De tanto crer, cresci<br />
<br />
Mas não como a soberba criança<br />
Que pra crescer sobe no muro<br />
Muro alto, alto, bem alto<br />
Olha! Sou mais alto que o senhor, senhor<br />
<br />
Está acima de mim, sim<br />
E vai viver aí? Nesse horror?<br />
Altura plástica, artificiosa<br />
Induzida, sem labor<div class="blogger-post-footer"><!-- Começo do código Contador de Visitas Para Blogs -->
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<div>
<br /></div>
<div>
O futuro a Deus pertence. Mas Clécio sabia prever uma parte genérica do que seria o porvir: um completo fracasso. E essa era a arma do palestrante nas suas apresentações em auditórios geralmente lotados em colégios particulares de São Paulo. O público era quase sempre composto de jovens de 16 ou 17 anos, todos sob a pressão de conseguir uma vaga em alguma faculdade renomada. O papel do convidado era de, visivelmente, tirar dos garotos qualquer tendência a ver as coisas de forma positiva. Assim, despretensiosos, acabavam involuntariamente distensionados.<br />
<br />
Clécio não se importava com as críticas que jornalistas andavam fazendo sobre ele em suas perniciosas colunas, diariamente. Havia quem argumentava com a psicologia, dizendo que uma vez pessimistas, os garotos se desiludiriam e se desmotivariam inclusive quanto a suas carreiras, suas vidas. Mas que carreiras? Rebatia Clécio, quando sua mulher mostrava os artigos dos jornais. Eles não vão chegar a ter essa perspectiva.<br />
<br />
Aquilo não era um personagem construído para as palestras. Clécio era realmente o paladino do pessimismo. Casado e pai de dois filhos (os quais ele não acreditava serem seus), sobrevivia do dinheiro ganho com as apresentações nas escolas. Mas nem com a fama do boca a boca ele conseguia aumentar seu rol de colégios. Marketing pessoal não era seu forte; ao se apresentar àqueles diretores que exigiam conversar com ele antes de expor seus alunos à palestra, fazia o oposto à autopromoção. Sou péssimo com palestras, não lido bem com público e eles dificilmente conseguirão aliviar o peso da pressão do vestibular.<br />
<br />
Clécio defendia o pessimismo. Mas não achava ele bom. Afinal de contas, acreditar friamente que o pessimismo evita frustrações é, de certa forma, ser otimista. Era difícil manter uma linha totalmente coerente. Por isso as perguntas dos alunos só duraram nas primeiras palestras, até que João Victor, potencial engenheiro da Petrobrás daqui uma década, levantou-se para dizer que sua mãe sempre o incentivara a acreditar em si mesmo, a ser positivo quanto ao futuro que o esperava. João dizia que sua mãe, um <i>case</i> de sucesso, sempre fora assim e hoje alçava voos cada vez mais altos. Quem é sua mãe, rapaz? Graça Foster, doutor Clécio.<br />
<br />
Com o tempo, as coisas na vida de Clécio continuaram se mostrando monótonas, inertes. Nada mudava, tudo dentro dos conformes. Sem decepção, sem ovação. Aliás, não mencionei, mas Clécio pedia antes de suas palestras que os professores avisassem aos alunos para não baterem palmas. Não sei o que sou capaz de fazer se aplaudirem.<br />
<br />
Porém a carreira de palestrante estava prestes a acabar (ele nunca achou que seria duradoura, diga-se). Um jornalista, daqueles maldosos, associou o suicídio de um aluno à palestra de Clécio. Era verdade que o rapaz, de 16 anos, havia acompanhado a palestra no dia anterior à morte. E que tinha comentado com amigos que agora tudo fazia sentido. Nada faz sentido.<br />
<br />
Clécio ficou bastante abalado e decidiu, por um tempo, parar com as idas às escolas. Não tardou foi convidado a voltar a ativa. Clécio agora palestra em concursos de beleza.<br />
<br /></div>
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<span style="font-family: inherit;">Riso que se ri de verdade<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: inherit;">Largo, o sorriso, de uma vez só<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: inherit;">Porque seria covarde<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: inherit;">Um riso ambíguo dá dó<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: inherit;">Porque dá dó<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: inherit;">Não há melhor<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: inherit;">Melhor que ela<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: inherit;">Sommelier<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: inherit;">Veja bem, tinha sábado<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: inherit;">No pão doce<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: inherit;">Mas sábado cedo<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: inherit;">Aquele cedo que dava medo<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: inherit;">Ah! Sábado não, muitos<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: inherit;">Reuniões soturnas<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: inherit;">Cedo, à tarde, à noite<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: inherit;">Como quem entra no açoite<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: inherit;">O pensamento até se esvai<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: inherit;">Frente à visão que me penetra<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: inherit;">De um mundo notívago<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: inherit;">Ah! Pensando bem, você e o mundo, assim; não<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: inherit;">Mas la vie en rose seria bom, mademoiselle<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: inherit;">Mais le son de ma voix, sei lá<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: inherit;">Est-ce un rêve<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: inherit;">Ou la réalité?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: inherit;">Ah! Sinatra acertar, ainda há de ter<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: inherit;">Vinho, charme, français<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: inherit;">Muitos sonhos<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: inherit;">E open-admiração (minha)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: inherit;">‘Cause more<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: inherit;">And more<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: inherit;">And more, much more than this<o:p></o:p></span></div>
<span style="font-family: inherit;"><br /></span>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: inherit;">You did it your way</span><o:p></o:p></div>
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<span style="font-family: inherit;">Do alto da sua calma</span><br />
<span style="font-family: inherit;">Que fizesse com ela</span><br />
<span style="font-family: inherit;">O que se faz com noss'alma</span><br />
<span style="font-family: inherit;"><br /></span>
<span style="font-family: inherit;">Espera a verdes mares</span><br />
<span style="font-family: inherit;">Vivencia novos ares</span><br />
<span style="font-family: inherit;">Mas no fundo, a via</span><br />
<span style="font-family: inherit;">Esperar é o que fazes</span><br />
<span style="font-family: inherit;"><br /></span>
<span style="font-family: inherit;">Por mim a via</span><br />
<span style="font-family: inherit;">Havia quem quisesse</span><br />
<span style="font-family: inherit;">Que tomasse outro caminho</span><br />
<span style="font-family: inherit;">A não ser o que padece</span><br />
<span style="font-family: inherit;"><br /></span>
<span style="font-family: inherit;">O minuto espera pra virar</span><br />
<span style="font-family: inherit;">O relógio respeita</span><br />
<span style="font-family: inherit;">Uma hora bate</span><br />
<span style="font-family: inherit;">O ponteiro, à espera da colheita</span><br />
<span style="font-family: inherit;"><br /></span>
<span style="font-family: inherit;">O tempo colhe a paciência</span><br />
<span style="font-family: inherit;">Daqueles que tiveram a decência</span><br />
<span style="font-family: inherit;">De esperar</span><br />
<span style="font-family: inherit;"><br /></span>
<span style="font-family: inherit;">Esperar</span><br />
<span style="font-family: inherit;">Viver a esperar, não</span><br />
Esperar a viver<br />
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Pensava ser impossível<br />
Tornar um hábito tão grácil<br />
Inacessível<br />
<br />
Me esquecia do suprassumo<br />
Ver e não guardar<br />
Alterar e não mostrar<br />
Mas por que não memorizar?<br />
<br />
<div>
Como seria aquela imagem</div>
<div>
Voavam os ventos neurais</div>
<div>
Criavam earlybird; retoques finais</div>
<div>
Glamourosos filtros substanciais</div>
<div>
<br /></div>
Um terço do inverno se foi<br />
E sofri tanto menos quanto condicionava<br />
Agora está tudo seguro<br />
Nos rincões da memória, escrava<br />
<br />
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<div>
Sob efeito de ópio<br />
Postava a vida</div>
<div>
Prostrava sobre um telescópio</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Teve um, aquele, este</div>
<div>
Fotos demais</div>
<div>
A do Nordeste<br />
Ficou, aliás</div>
<div>
<br /></div>
<div>
A rede era um álbum</div>
<div>
Álbum a rede era<br />
<br />
Só que ninguém reparava<br />
A água corria<br />
A enxurrada descia<br />
E a foto era o resto; restava</div>
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<!-- Fim do código Contador de Visitas Para Blogs Code --></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2304891309318256253.post-73663821563570604022013-07-04T08:18:00.000-03:002013-10-17T10:37:35.561-03:00Conversa de botequim<span class="userContent" data-ft="{"tn":"K"}">- Vem cá, você não acha que a Ivete Sangalo, esse povo aí da Globo, fazem parte de uma seita?<br /> - (silêncio)<br /> - Todo mundo que entra lá faz sucesso, pra mim é muito óbvio que eles fazem parte de alguma seita secreta.<br /> - Eu não acredito que você acredita nisso.<br /> - Eu que não acredito que você, um cara ligado na internet, não saiba disso. </span><div class="blogger-post-footer"><!-- Começo do código Contador de Visitas Para Blogs -->
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de manhã, quando eu li a manchete "Assaltantes matam menino boliviano"
e, na linha fina, algo como "Brayan, de 5 anos, chorava desesperado no
colo da mãe", fiquei atônito por vários minutos. É impossível pra
qualquer pessoa que conheça a inocência de uma criança se distanciar de
um fato assim. Enquanto lia aquela construção linear e fria do
acontecimento, pensava na confusão na cabeça do men<span class="text_exposed_show">ino, vendo seus pais desesperados e sob a mira daquele cano preto, talvez até desconhecido pelo garoto. <br /> <br />
Eu não tinha a mínima conjetura sobre a ação dos bandidos. Não passava
pela minha cabeça uma justificativa para aquele desfecho - não que haja
explicação cabível, mas eu buscava algo. Era uma criança que, indefesa,
chorava. Crianças choram quando se sentem ameaçadas. Caralho, o mundo
todo sabe disso!<br /> <br /> Passou pela minha cabeça logo em seguida o
caso de outro menino, João Hélio, que morreu em circunstâncias que não
carecem de ser lembradas, afinal reforçam o estigma. Lembrei também, não
sei por que, de um crime épico: o assassinato da família Clutter (pai,
mãe e dois filhos), fato-protagonista da obra-prima de Capote, "A Sangue
Frio". <br /> <br /> Mas seja pela atualidade do ocorrido, ou pelo nível
trágico, ainda matutei por alguns instantes, até que parei e olhei bem
para aquela descrição: "menino boliviano". Boliviano. Doeu um pouco mais
onde quer que estivesse doendo.<br /> <br /> Brayan, boliviano. Da mesma
nacionalidade daqueles ambulantes que trabalham sem registro vendendo
quinquilharias nas praças de São Paulo? Ou que tocam por horas com suas
antaras e charangos, também à margem? Ou, pior, que agonizam em regime
de escravidão no Brás, no Bom Retiro? <br /> <br /> Sim, Brayan nasceu no
mesmo país que eles. Brayan veio ao Brasil assim como eles,
provavelmente incluído por tabela no desejo dos seus pais de buscar uma
vida melhor aqui, nos EUA da América do Sul. Brayan - assim como os
ambulantes, os músicos e os escravos das confecções - sempre foi
ignorado por nós. Até ontem.<br /> <br /> Ah, mas estou sendo
circunstancial, pensei. O que tem a ver? Talvez nada, talvez um pouco ou
quase tudo. "É cultura". Não, não é cultura. É xenofobia. <br /> <br />
Quanto ao crime, que investiguem minimamente. Que interroguem o grupo e
perguntem, por favor, se o sr. responsável pelo disparo sabe por que a
criança chorava.<br /> <br /> </span></span></span><br />
<span class="fbPhotosPhotoCaption" data-ft="{"type":45}" id="fbPhotoSnowliftCaption" tabindex="0"><span class="hasCaption"><span class="text_exposed_show"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-bHivVOwIlvo/UdasSOVShmI/AAAAAAAAAQk/-3TP4WHLRd4/s612/1017184_3231545805309_419049615_n.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://4.bp.blogspot.com/-bHivVOwIlvo/UdasSOVShmI/AAAAAAAAAQk/-3TP4WHLRd4/s400/1017184_3231545805309_419049615_n.jpg" width="400" /></a> </span></span></span><br />
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<span class="fbPhotosPhotoCaption" data-ft="{"type":45}" id="fbPhotoSnowliftCaption" tabindex="0"><span class="hasCaption"><span class="text_exposed_show">Foto que tirei de uma banda familiar boliviana se apresentando em
frente ao Parque Trianon, em julho de 2012, na Avenida Paulista. <br /> <br /> O pequeno flautista era muito bom.</span></span></span><div class="blogger-post-footer"><!-- Começo do código Contador de Visitas Para Blogs -->
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<!-- Fim do código Contador de Visitas Para Blogs Code --></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2304891309318256253.post-85050682125398804472013-06-18T09:57:00.000-03:002013-10-17T10:38:39.425-03:00Papo de pai e filho em 2043<span class="userContent" data-ft="{"tn":"K"}">Como foi a aula, filho?<br /> <br />
Ótima, pai. Hoje foram todos os 20 alunos da sala porque a professora
de história havia nos instigado sobre a explicação do 17 de junho, que
completa 30 anos agora. Ela disse que foi quando nosso País acordou e
começou a mudar para o que é hoje.<br /> <br /> Ah, como eu me lembro desse dia! Mas o q<span class="text_exposed_show">ue ela disse, exatamente?<br /> <br />
Ela nos apresentou um vídeo, no cinema da sala, com a passeata dos 100
mil no Rio de Janeiro. Os gritos, pedindo melhorias nas áreas de saúde,
transporte e educação, geraram um sentimento de espanto na sala, até que
ela pausou as imagens e nos contou que o cenário do Brasil em 2013 era
bem diferente. Parece que os hospitais públicos à época tinham
corredores inundados de gente à espera de atendimento médico ou de
leito. Parece que à época os ônibus eram lotados e o metrô ainda não
estava em todas as capitais, com dezenas de linhas e interligações. A
educação, você acredita, era sucateada... As salas se abarrotavam com
mais de uma centena de alunos, as escolas não tinham infraestrutura e, o
que mais me espantou, havia ensino privado. Imagina só, hoje em dia,
não há escola privada que sobreviva à concorrência desleal das públicas.
Ela ainda disse que os professores ganhavam menos que os deputados e
vereadores.<br /> <br /> Ganhavam mesmo, filho. Não se imaginava em 2013 que
eles pudessem trabalhar por um salário mínimo. A professora contou que
esse ato foi a nível nacional?<br /> <br /> Sim, falou da grande caminhada
pacífica em São Paulo, com mais de 65 mil nas ruas, e das manifestações
em Belo Horizonte, Porto Alegre, Belém... E ressaltou que este dia
entrou pra história porque, além de ter sido o princípio da mudança,
nunca antes, desde o impeachment do falecido Collor, havíamos nos unido
por uma causa nacional como nos unimos naquele dia 17 de junho. Ah, e
pai, a professora disse que se perguntássemos aos nossos pais, alguns
poderiam ter uma história ainda mais rica e vívida pra contar, que vocês
poderiam ter participado daqueles atos. Você foi às ruas naquele dia,
pai?<br /> <br /> Fui, filho. Já havia participado de outros dois atos
naquele ano contra o estopim inicial do nosso levante, o aumento das
passagens de ônibus no transporte do Rio - e em várias outras cidades do
Brasil, como São Paulo. Ambos os protestos haviam levado milhares de
pessoas às ruas, sem ter alcançado, no entanto, a magnitude que o dia 17
de junho alcançaria. Logo que peguei o metrô para me encontrar com meus
amigos naquele dia, no centro da cidade, reparei em algumas pessoas de
branco nos vagões, com cartazes enrolados, guardados em suas mochilas e
suprimentos considerados indispensáveis às manifestações, como água,
máscaras e vinagre.<br /> <br /> Vinagre, pai?<br /> <br /> Sim, filho.
Passávamos o vinagre em uma camiseta e amarrávamos ao rosto. Ajudava a
respirar quando a bomba de gás lacrimogênio, hoje proibida nos
países-membros da ONU, era lançada em direção ao nosso grupo. Mas como
dizia, eu já via no metrô sinais de que boa parte da cidade estava a
caminho da Candelária, o ponto de encontro inicial do protesto. Fui com
um grupo de dezenas de pessoas da Faculdade Nacional de Direito, onde eu
estudava, e me lembro até hoje do momento em que, a alguns metros da
concentração, começamos a correr em direção aos manifestantes, como
forma de nos unirmos indistintamente a eles. A partir dai fizemos um
trajeto de alguns quilômetros. Em momento algum conseguimos ter a
dimensão do número de pessoas presentes no protesto, não conseguíamos
ver o fim da multidão tampouco imaginávamos que uma centena de milhares
ali se fazia presente e ouvida. E fomos verdadeiramente ouvidos, filho.
Nos dias que se seguiram ao dia 17 de junho, mídia e governo se
lembraram, graças às centenas de milhares de pessoas que saíram às ruas,
da força do povo, quando este clama em uníssono. Nossa reivindicação
inicial referente à revogação do aumento da passagem foi prontamente
atendida. Entretanto, já éramos incontrolavelmente grandes para que a
diminuição do passe do transporte público fosse o único resultado
concreto desses atos. Logo após a primeira conquista surgiram lideranças
apartidárias em cada estado. Essas se comunicavam de modo a tornar
nossa insurgência desarmada mais organizada, multilateral, plural e
legítima. <br /> <br /> E funcionava em qualquer tipo de reivindicação, pai?<br /> <br />
Sim. Algumas, nos meses seguintes, demandaram novas passeatas dos 100
mil, apenas para lembrar o poder público que o gigante, como chamávamos
figurativamente aquele levante, ainda estava acordado e que não mais
adormeceria. Claro que, com o passar dos anos, aprendemos a votar e os
protestos não eram mais desesperadoramente necessários.<br /> <br /> Que
história incrível, pai. Enriqueceu ainda mais a História que aprendi em
sala. Mas sabe, fico cá pensando... Às vezes acho que deveria ter vivido
este começo de século, os anos 2010. Lutar pelo meu País, pelas causas
em que acredito... Acho que nunca viverei isso.<br /> <br /> Antes do dia 17
de junho, em 2013, eu tinha vários amigos saudosistas dos levantes
populares da década de 90. Alguns se diziam fora de seu tempo, assim
como você ensaia afirmar. Queriam ter vivido os anos 60, 70, 80...
Tempos difíceis no Brasil. Por isso eu te estimulo a não se aquietar.
Não vivemos em pleno Estado de bem-estar social, você sabe. Procure algo
que não te satisfaça neste País, junte-se a um grupo, reclame e, se
julgar necessário, tome as ruas.<br /> <br /> Pode ser. Mas hoje o povo está
muito acomodado com as mudanças conquistadas. Dificilmente rumaríamos
às ruas, tamanha a comodidade de nossas vidas. <br /> <br /> Filho,
pensávamos de forma muito parecida em 2013, não acreditávamos no nosso
poder, estávamos acomodados até então. Portanto, meu maior conselho para
você é: não subestime nada. Não subestime o poder desordeiro e
inesperado da união. Não subestime o seu poder, como indivíduo, de sair
de casa em busca dos seus direitos – e, sobretudo, de conquista-los. Não
subestime sua capacidade de ser a transformação que você quer ver. E
acima de tudo, não subestime a possibilidade dessa transformação se
concretizar.</span></span><div class="blogger-post-footer"><!-- Começo do código Contador de Visitas Para Blogs -->
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tive que pegar um táxi, aleatoriamente, na rua. E acabei entrando no
carro do Seu Gerson, um paraibano de 64 anos. Ele me contou sobre os
filhos e a mulher, de 63, doméstica-babá de uma típica família tijucana
em ascensão; da vinda da família dele lá de Coxixola (sim) para o Rio,
com uma penca de irmãos, em 1958; e da problemática do trânsito na
cidade, traçando um paralelo desd<span class="text_exposed_show">e a década de 60 até atualmente - concluindo que piorou, obviamente. <br /> <br />
E no fim o Seu Gerson, já amigo, não se fez de rogado ao falar de um
tema corriqueiro em táxis: exames de próstata. Faz anualmente. "E ainda
peço o telefone do médico no fim", brinca. Ele se justifica dizendo que o
irmão, ignorante, recusou o teste durante toda a vida e morreu ano
passado com, pasmem, mais de 60 tumores. <br /> <br /> "A vida é curta, companheiro. E um dedo, dependendo do médico, também pode ser, né? Pelo menos a gente torce", ri.</span></span><div class="blogger-post-footer"><!-- Começo do código Contador de Visitas Para Blogs -->
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é um sono que falta<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
é uma falta de sono<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="EN-US">falta é um sono<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
um sono é o que falta<u><o:p></o:p></u></div>
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eu me mudei pra São Paulo, há mais de 4 anos, tinha uma ideia utópica,
impenetrável, de que era essa a cidade em que as pessoas tinham mais
facilidade para "ganhar a vida".<br /> <br /> A violência, o caos do
trânsito, das chuvas e a competitividade do mercado não me acanhavam.
Contrariamente, davam-me a dimensão do que era morar na "locomotiva do
País"; lembravam-me disso a todo tempo, aliás.<br /> <br /> Chegava<span class="text_exposed_show">
janeiro, fevereiro e março e eu me dispunha a diariamente atentar São
Pedro: hoje não vai chover, olha esse sol, esse céu! A "terra da garoa",
em resposta, era capaz de em minutos escurecer, molhar, ou melhor,
ensopar e dramatizar a volta pra casa. Cenário de dar inveja à sétima
arte, diga-se. O herói, no caso o paulistano, já teria a jornada
perfeitamente traçada.<br /> <br /> A vida noturna - pra quem veio de uma
cidade em que durante a semana o ponto alto é a sorveteria e aos finais
de semana, a praça - mostrou-se um presente bastante justo, contraponto
ao ônus do trabalho, do trânsito, da correria habitual. "A cidade que
nunca para" tava sempre ali, de segunda à segunda, 24h por dia, com
algum programa disponível. Augusta, Paulista, Vila Madalena dos coxinhas
e tantos outros lugares em bairros pouco notívagos. Se fosse
especificar não caberia aqui.<br /> <br /> Viver em São Paulo não fez com
que eu deixasse de acreditar em nenhum desses clichês. Essa é a cidade
mais incrível que já conheci na vida. Incrível, leia-se ao pé da letra:
não dá pra crer em como conseguimos viver em uma cidade com tantos
problemas, em que a distância entre lazer e trabalho se faz tão
gritante. Meio que vive-se pra trabalhar, trabalha-se pra viver, como
dizem por aí.<br /> <br /> E só pra aclichezar um pouco mais: nunca vou
esquecer São Paulo, parte por me amadurecer as ideias e outra parte -
essa gigantesca - por ter me apresentado tantas pessoas sensacionais.<br /> <br /> Obrigado, São Paulo. Até breve!</span></span><span class="text_exposed_show"><span class="userContentSecondary fcg"></span></span><div class="blogger-post-footer"><!-- Começo do código Contador de Visitas Para Blogs -->
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