Em um dos meus dias de cão em busca de pautas durante os Jogos
Olímpicos, em Londres, vejo uma concentração de pessoas acima do normal
em frente à Vila Olímpica. Na esperança de
ali encontrar alguma "notícia", me aproximo da muvuca e vejo um rapaz
sentado, envolto de câmeras de TV, microfones, jornalistas e "curiosos",
como gostamos de chamar os enxeridos.
Era Ruben Limardo, que
havia vencido no dia anterior sua categoria na esgrima, levando pra casa
a medalha de ouro. Medalha essa que significava muito para a Venezuela -
era apenas a segunda dourada da história do país, sem muita tradição em
Olimpíadas.
Mesmo com o fator histórico, o que mais espantava a
mim e aos outros jornalistas presentes era a adoração do atleta por
Hugo Chávez. Ruben conseguia citar o nome do presidente venezuelano em
absolutamente todas as respostas às perguntas-clichê feitas por nós.
"Como é ganhar essa medalha?", perguntávamos. "É incrível honrar meu
país e nosso presidente. Me sinto muito feliz em dar esse presente a
quem tanto nos presenteou", ditava o esgrimista.
Foi difícil colher aspas que fugissem da adoração ao presidente.
Como não tive a oportunidade de conhecer outros venezuelanos, não sei
se era algo genuíno ou imposto. Independente disso, aquilo me fez
refletir muito sobre a influência de um líder político sobre os cidadãos
governados.
E de como a política é capaz de construir heróis - também, genuínos ou não.
5 de março de 2013
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