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23 de setembro de 2014

Automático

Hoje, depois de um ano e meio morando nessa cidade, acabei pegando o metrô errado na volta pra casa.

Quando me dei conta, na estação seguinte a que eu embarquei, de que estava indo em sentido contrário fiquei, obviamente, com raiva. "Vou perder tempo, ter que voltar, puta que pariu", pensei. Devo ter expressado várias caras de frustração no trem.

Não bastasse isso, não consegui descer na estação seguinte. Muita gente entrando, uma moça com a perna engessada impedindo transversalmente o fluxo... A porta fechou. E eu fiquei para dentro. De novo. Do trem. No sentido contrário ao da minha casa. Às dez da noite. "Lerdo". As expressões faciais de raiva devem ter ficado fora do controle.

Aí, de repente, levantei a cabeça e uma senhora de óculos, com uma camiseta de candidato a deputado, uma bolsa grande (caberia por certo minha cara de tacho) e uma experiência de vida algumas dezenas de vezes maior que a minha sorria de canto de boca. Não pra mim. De mim. Das minhas reações.

Desarmado, não tive o que fazer: sorri de volta. E ri de mim.

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